Se existe uma certeza no amago social é a (péssima) fama que os advogados, em geral, possuem, é verdade! Se existisse um senso criado com o proposito de identicar qual é o profissional mais odiado (se é que já não existe um), com a mais plena convicção digo a você, meu nobre leitor, que os advogados obteriam local de destaque, logo atrás de arbitro de futebol uma vez que o número de litigantes é, ainda, inferior ao de torcedores fanáticos.
O fato, meus caros, é que advogado é um cara odiado por 9 em cada 10 pessoas, eu digo pessoas e não litigantes visto que, por osmose social, até mesmo quem nunca teve que recorrer a um advogado na vida, pensa mal da profissão, isso com a mais absoluta certeza.
A razão de tamanha repulsa se dá por questões diversas, algumas com certo fundamento lógico, outras, nem tão lógicas assim. Eu, pessoalmente, já sofri um pouco com este bulling em diversas ocasiões e devo admitir que a sensação de desagrado e jocosa piada é concorrente.
Normalmente a má fama de ser advogado esta atribuída a péssima experiência que alguns leigos acabam tendo com profissionais inaptos ou mesmo mal carater (embora que, mal caratismo não é algo cativo a uma ou outra profissão mas a própria condição humana assim dizemos), valor de honorários, falta de acesso a informações e etc., no entanto, isso será objeto de artigo posterior.
Parenteses e entrelinhas a parte, vamos ao que interessa.
Quando cidadão se inscreve nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil, torna-se legalmente habilitado para atuar em quaisquer processos judiciais seja lá qual área do Direito, ora, quem nunca pegou aquele processo da matéria que não afinidade no começo da carreira, que atire a primeira pedra!
O advogado tem ainda a opção de se dedicar em uma ou algumas áreas específicas do Direito, tornando-se um especialista na área cativa. Dentre de tais especialistas, o Criminalista.
Ah.... O Criminalista!
Retomando nosso introito, se Advogado é um dos profissionais mais odiados pela sociedade, o Advogado Criminalista é, sem dúvidas, a preferência do ódio dos advogados.
A Advocacia Criminal desperta o ódio da galera pelo seu material de trabalho: O Crime, que é uma das maiores chagas sociais que atinge de forma direta e indireta a todos em intensidades distintas gerando os mais diversos efeitos a longo e a curto prazo, em geral, negativos.
Psicopata Social
A imagem que grande parte da população possui de nós Advogados Criminalista se polarizam em dois esteriótipos bem distintos: O Advogado porta de cadeia em seu terno poído e o Advogado magnata que faz fortuna "soltando criminosos", o que ambos tem em comum, apenas o total desprezo pela comunidade "descente" que padece pelas mãos dos mal feitores defendidos por eles.
Calma senhores, nem 8 nem 80, nem lobo nem cordeiros, somos "animais" completamente diferentes.
Parte desta péssima fama esta ligado as caracterizações dos Advogados Criminalistas nas mais diversas mídias (claro que algumas são muito boas), normalmente somos caracterizados como pessoas manipuladoras, oportunistas, sem carater e etc., tomemos como exemplo as recentes encarnações de advogados nos últimos folhetins da globo.
Por outro lado, a má fama se dá por questões reais: Advogados que aderem a crime organizado, presos tentando adentrar em presidios com drogas, armas e etc., ou mesmo aqueles que se envolvem em esquemas de corrupção ou mesm agenciando acordos escusos em delegacias.
Como já é sabido, falta de carater não é uma exclusividade da Advocacia criminal, existem em todas as profissões em todas as camadas sociais embora isso não é lá muito admitido, infelizmente, erroneamente se atribui a tão nobre profissão, tais atributos ruins.
Francesco Carnelucci em seu festejado opúsculo (pra quem não sabe, opúsculo é o mesmo que livreto), "As Misérias do Processo Penal" alertava que o Advogado Criminalista, em seu sagrado míster de defesa dos interesses de um Réu, por vezes seria confundido com o próprio, e não é que é a mais pura verdade? Respondam, quantas foram as vezes que um advogado não foi acusado e apontado como criminoso por defender um?
O Advogado Criminalista atua em uma área desprezada pela sociedade, atua na defesa de interesses de pessoas que, para a "a sociedade de bem" não passam de escória, de lixo humano que merecem ser, no mínimo, eliminado, morto, excluído e apagado completamente da sociedade. Ledo engano, senhores, ledo engano,
A Princípio, devemos esclarecer que nós, Criminalistas, possuimos a ardua missão de defender e resguardar a Liberdade e as Garantias Individuais do indivíduo acusado de um crime do qual, como prevê nossa Lei Maior, será apenas condenado após um processo dialético com a atuação de uma defesa eficaz e mesmo após a condenação, na submissão da pena, o Advogado atua para que o vigor do Estado não ultrapasse os limites impostos pelo Estado Juiz e que não ofendam as Garantias Mínimas da Pessoa Humana.
O Advogado Criminalista, a bem da verdade, não atua na defesa do crime mas sim, na defesa do ser humano que, a principio, esta na mira do Estado como suposto infrator da Lei, e, posteriormente, àquele que de fato foi considerado infrator. Atuamos na defesa da condição humana.
Advogar na área Criminal é uma arte a que se dedicam verdadeiros maestros,
Tenho a honra de me intitular Advogado Criminalista.
Sou apaixonado pela área criminal desde sempre; Na faculdade, já notava uma "predileção" a área e, uma vez formado, tenho me dedicado quase que exclusivamente a área: Cursos, estudos direcionados, projetos; atualmente ostento o Título de Especialista devido colação no curso de Pôs Graduação em Direito Penal e Processo Penal. Durante minha, ainda infante, carreira, fui agraciado pelo contato com grandes nomes da Advocacia Criminal que me direcionaram a um trabalho honesto, pautado na ética e na legalidade,
Hoje atuo em escritório próprio situado na comarca de Diadema no qual orgulho-me de ser firmado em princípios éticos, meus assistidos e seus familiares podem comprovar, bem como os diversos profissionais de delegacias e fóruns onde nossa atuação se faz necessária. Nada de negócio escusos, atuamos na defesa de direitos dentro e fora dos autos, sempre fomentando a discussão e a evolução da cultura Penal.
Atuar como criminalista nem sempre é algo glamuroso, o caminho das pedras é árduo e o cotidiano nos mostra que uma vitória nem sempre é representado pelo ganho da causa (Às vezes, perder é ganhar), e que tantas são as vezes em que nos vemos pressionados por valores, crenças, sentimentos. Advogar na área criminal é uma arte pois toca, verdadeiramente, a alma humana.
Nem sempre compreendido, muitas vezes mal interpretados, somos a única voz que fala por aqueles que erraram, que cairam em desgraça, somos a representação de histórias, de famílias, somos o grito de excluídos, nossa missão é sagrada e ninguém melhor que o sempre festejado Carnelucci para defini-la:
"A missão do Advogado Criminalista é descer até o último degrau, atravessar o lamaçal do crime sem sujar a barra de suas calças... é atravessar as trevas para alcançar a luz"
Sem mais, Excelência!



Muito bom o seu texto nobre doutor, no entanto, gostaria de vossa opinião sobre algo que vive a me atormentar quando penso na advocacia criminal, cuja resposta ainda não obtive no campo acadêmico ou em canto algum. Se o réu lhe confessa o crime ou se, ao compulsar os autos, o senhor se convence da existência da materialidade do crime e dos indícios suficientes de autoria imputados ao seu cliente, e, mesmo assim, pugna pela absolvição do réu ou por uma tese desclassificatória, que se sabe inexistente, não seria uma forma de obstrução da justiça, afronta qualificada ao código de ética e defesa do crime e não do criminoso? Afinal, os réus e os indiciados em geral não contratam um advogado criminalista porque esperam receber uma pena justa ou para ter garantido seu direito constitucional de ser submetido ao devido processo legal, o que querem é a sentença absolutória, e se assim não o for, taxam o defensor de incompetente. Como advogar nesta esfera, ou em tantas outras, se nunca poderemos gozar de nossa independência moral e funcional? Espero estar equivocada.
ResponderExcluirPrezada Leinha,
ExcluirAs questões que tanto lhe atormentam também me roubaram noites de sono e abundantes fios de cabelo. Assim como acredito que você está fazendo, me debruçei nos livros, questionei professores visando encontrar a solução deste enigma, para no final, entender que o que tanto buscava, a resposta para a charada, sempre esteve comigo.
Ao se dedicar a área criminal, você irá se deparar com todo a sorte de propostas indecentes e situações delicadas, assim como clientes que lhe procuram, desesperadamente, visando impunidade e não justiça, no entanto cabe a você decidir que caminho seguir, e acredite, não tenha medo de dizer NÃO no momento certo.
Ao contrário do que pensa, é possivel sim atuar com independencia moral na nossa amada área criminal, e me orgulho de ostentar e bradar isso aos quatro cantos.
Quando estava encerrando minha faculdade, no estágio, fiz essas e outras perguntas ao advogado que me assistia que, em resposta, preferiu colocar um caso polêmico em minhas mãos, para que assim minha consciência respondesse, e assim o foi.
Os detalhes dessa jornada deixo para uma futura postagem, no entanto, lhe adianto.
O Advogado criminalista possui o dever de zelar pelas Garantias Constitucionais Fundamentais da Pessoa humana, dentre elas, a Liberdade e a ampla (por vezes plena) defesa se opondo à máquina estatal que no processo acusatório visa a Acusação, jamais se compromete em dizer inverdades ou atuar de forma atentatória à Justiça.
Quando um cliente nos procura, o ideal é, no primeiro momento, esclarecer isso ao patrocinado, eu, por exemplo, antes mesmo de saber os fatos ou a versão do cliente, esclareço a ele/ela quanto a forma de trabalhar e até onde podemos ir e, raramente sou taxado de incompetente: se é caso de absolvição, seja por falta de provas ou porque o assistido de fato não cometeu o crime, brigue por isso com todas as forças, agora se não for o caso, assuma uma postura de fiscal,debata a prova e procure uma pena justa, o que você não deve fazer é vender ou mesmo ir contra algo que não pode ser feito.
A grande "sacada" da advocacia criminal é saber que as vezes, perder é ganhar.
Espero ter iluminado um pouco essa questão.
Justo o que procurava, muitíssimo obrigada!
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